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segunda-feira, 29 de março de 2010

Resumo do livro: Turismo e Museus, Camilo de Mello Vasconcellos, 2006, Ed. Aleph

INTRODUÇÃO

As estatísticas de visitação destes museus indicam que tais instituições vêm sendo procuradas por uma legião cada vez maior de turistas, ávidos por conhecer as distintas manifestações culturais e artísticas de povos com os quais não mantêm contato, ou cujos acervos sugerem alguma “viagem” pelo imaginário de seus visitantes.
No Brasil, a busca pela visitação d instituições museológicas também vem crescendo, não só por parte do turista nacional, mas também por parte do turista estrangeiro, que procura roteiros e programas que fujam do tradicional trinômio “praia, sol e floresta”, tão difundido pelas agências internacionais como sendo o “típico” de nosso país.

DE CASA DAS MUSAS A INSTITUIÇÃO PÚBLICA: o longo itinerário dos museus

A origem do termo museu retoma à palavra grega mouseion, ou casa das musas, que na Antiguidade clássica era o local dedicado, sobretudo, ao saber e ao deleite da filosofia. As musas, na mitologia grega, eram as nove filhas de Zeus, a maior divindade do panteão religioso grego, gerara com Mnemosine, deusa da memória. As musas possuíam criatividade e grande memória, além de serem dançarinas, poetisas e narradoras que ajudavam os homens a esquecer a ansiedade e a tristeza cotidianas. Nesse sentido, as obras de arte expostas no mouseion tinha mais a intenção de agradar às divindades que propriamente serem abertas à contemplação e admiração de possíveis visitantes.
O primeiro grande mouseion de que se tem notícia existiu em Alexandria, no Egito, por volta do século II antes de Cristo. Esse mouseion buscava reunir todo o conhecimento humano em diversas áreas do saber, como filosofia, medicina, história, astronomia, mitologia, zoologia etc. Seus principais objetivos relacionavam-se com as obras de arte e estátuas, instrumentos cirúrgicos, pedras preciosas e minérios trazidos de lugares bem distantes. Dispunham também de biblioteca, anfiteatro, salas de trabalho, refeitório e jardins.
Como se pode perceber, os museus estão intimamente relacionados ao ato de colecionar, portanto, com coleções que podem ser tanto de origem religiosa como profana. Essa prática do colecionismo muitas vezes foi movida pela busca do objeto raro que completaria uma série, e esteve voltada tanto para obras-primas como para objetos mais simples, ou mesmo para aqueles considerados exóticos.
Na Idade média, a Igreja passou a ser a principal receptora de doações, e também a formar verdadeiros tesouros, como o famoso “tesouro de São Pedro”.
O que fica evidente é que para os detentores das coleções, esses objetos refletiam o poder econômico e político de então, e eram conhecidos apenas por pessoas pertencentes à elite local de determinadas épocas, portanto, o acesso a essas coleções era totalmente restrito.
É bom que seja mencionado que as galerias de arte encomendadas pelos monarcas, príncipes e papas para suas residências acabaram dando origem aos museus de belas-artes,l enquanto os gabinetes de curiosidades originariam os museus de história natural, e os gabinetes de antiguidades, os museus de arqueologia.

O museu como instituição pública

O primeiro museu público europeu de que se tem notícia é o Ashmolena Museum, de Oxford, na Inglaterra, e sua inauguração data de 1683, por conta de uma doação da coleção de Jonh Tradeskin a Elias Ashmole, com a condição específica de que este a transformasse em um museu da Universidade de Oxford.
Na verdade, foi somente após a Revolução Francesa de 1789 que se teve acesso definitivo às grandes coleções, tornando-as, portanto, públicas e passíveis de serem visitadas em diferentes museus.
Com a ascensão da burguesia na Europa após a Revolução Francesa, uma nova concepção foi incorporada ao universo museal: a noção de patrimônio, pela qual os museus dos príncipes e dos reis passaram a ser museus das nações.
Em relação à América Latina e ao Brasil, especificamente, a influência que recebemos dos museus europeus ainda no século XIX foi bastante predominante.

Os museus do século XX

No século XX, o grande desafio colocado para o mundo museológico foi o de tornar suas coleções e suas propostas cada vez mais acessíveis para o visitante de qualquer proveniência, faixa etária e segmento social.
O ecomuseu é uma instituição que administra, estuda, explora, com fins científicos, educativos e, em geral, culturais, o patrimônio global de uma determinada comunidade, compreendendo a totalidade do ambiente natural e cultural dessa comunidade. Por essa razão, o ecomuseu é um instrumento de participação popular no planejamento do território e no desenvolvimento comunitário. Para tanto, o ecomuseu emprega todos os recursos em métodos de que dispõe para faze com que essa comunidade apreenda, analise, critique e domine de maneira livre e responsável os problemas que se apresentam a ela com todos os domínios da vida. O ecomuseu utiliza essencialmente a linguagem do objeto, do quadro real da vida cotidiana, das situações concretas. Ele é, antes de tudo, um fator almejado de mudanças.
A partir dessa definição são dois os pilares em que se fundamentam os ecomuseus: o desenvolvimento das comunidades e a pedagogia que se apóia em um patrimônio e em agentes que pertencem a essa mesma comunidade.
Os ecomuseus caracterizam-se pela efetiva contribuição para a preservação de tradições e costumes de uma comunidade pela valorização in loco, não pela retirada de certos objetos importantes de seu contexto de uso para o local privilegiado das vitrines do museu.
O ecomuseu significa um roteiro que visa retraçar a trajetória de um determinado período da história daquela comunidade, integrando-as ao seu significado no presente.

MUSEU E TURISMO: uma relação possível

O público de hoje está ávido por qualidade, e o museu pode proporciona-lo. O monumento mais visitado do mundo não é nem a Torre Eiffel nem o Taj Mahal, mas o Centro Georges Pompidou, com oito milhões de visitantes por ano. Um bom museu é uma coisa pela qual o público está disposto a pagar.
Do ponto de vista antropológico, o turismo é considerado uma atividade transcultural vinculada aos mecanismos sociais de consumo próprios de um mundo globalizado, e que vem experimentado um desenvolvimento extraordinário, especialmente a partir do século passado.
Para alguns autores, o turismo é um meio de obtenção de divisas que leva progresso e desenvolvimento econômico aos países ricos em atrativos patrimoniais, pois abre postos de trabalho, promove a conservação de monumentos, sítios e paisagens, ao mesmo tempo que fomenta sua identidade e promove sua imagem em nível internacional. Já para outros, o turismo oferece igual número de desvantagens e benefícios.
Alguns autores afirmam que, ao atrair a atenção para o patrimônio natural ou cultural, o turismo promove sua conservação e valorização. Há também uma idéia romântica que está muito em voga na atualidade, proveniente dos séculos XVIII e XIX: de que o turismo gera e promove a harmonia entre os povos, sendo inclusive assumida pela UNSESCO, quando afirma que “o turismo promove um diálogo mais rico entre as culturas”.
A definição do que se compreende por museu segundo o Conselho Internacional de Museus – ICOM: “museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe testemunhos materiais do homem e de seu meio, para fins de estudo, educação e lazer”.
As funções dos museus são:
- A questão da pesquisa que o museu realiza com base em um acervo constituído de diferentes maneiras, segundo a tipologia de cada instituição (artes, história, arqueologia, etnologia, zoologia, etc.)
- O papel social do museu, portanto, com inserção na sociedade no sentido de contribuir para a melhoria de vida das pessoas.
- O papel educativo que o museu desempenha com a finalidade de contribuir para o despertar da consciência do indivíduo em relação ao patrimônio do qual é herdeiro e do seu potencial em termos de ensino e aprendizagem.
- O caráter de instituição aberta ao público, por isso, de se um espaço que atenda às necessidades das distintas categorias que buscam essa instituição. Neste sentido está implícito algo mais que uma instituição aberta ao público, mas a serviço dele.
A diversificação e a mutilação dos museus não se devem ao fato de que estes se dirigem ao público para atraí-lo apenas com o intuito de aumentar suas receitas, mas que o público comparece aos museus por causa de motivações profundas, nas quais existe a vontade de conhecer os vestígios de uma sociedade em mudança, revalorizando questões como a identidade e o conhecimento de outras culturas.
O museu é algo mais que mercado de tempo livre, porto que trata de preservar traços da memória da humanidade para que as gerações presentes e futuras possam deleitar-se com o gozo e o aprendizado de sua contemplação. Está clara, portanto, a idéia de que o museu apresenta como um lugar de convivência que abre as portas para que toda e qualquer categoria de público possa usufruir um espaço não só de lazer, mas fundamentalmente de reflexão a respeito da memória histórica e de um simbolismo transcendente.
Prevê a necessidade de haver uma relação harmônica entre os museus e o turismo cultural, no sentido de atender a todos os aspectos constitutivos do museu, como infra-estrutura, qualidade da coleção, sistemas de informação e comunicação, atividades educativas e de exposição, funcionários e relação com o entorno.

OS MUSEUS E O TURISMO NO BRASIL

No Brasil, a cultura, e o turismo foram equivocadamente considerados dois mundos distintos, e isso porque, do ponto de vista histórico, os homens de cultura manifestaram sempre uma certa reticência perante os temas do comércio e do dinheiro, como se fossem realidades estranhas entre si. De modo geral, o mundo da preservação patrimonial – onde estão inseridos os museus – foi sempre percebido como uma função do Estado, e o turismo como objetivo exclusivo da iniciativa privada.
O museu pode representar um papel importante na construção do projeto turístico; ele tem como uma de suas funções preservar o patrimônio para garantir uma análise do desenvolvimento e qualidade de vida das pessoas.
Os museus podem agir como elo de ligação entre as várias partes envolvidas; dando suporte para a educação patrimonial e ambiental; oferecendo cursos de conscientização do valor do patrimônio; auxiliando na capacitação dos promotores e receptores.
Podem ainda elaborar projetos em parceria com a secretaria de turismo, visando a melhor preparação do entorno para a visita do público; organização da infra-estrutura e criação de programas de difusão permanentes. O museu, como canal de comunicação privilegiado que é, tem a capacidade de despertar a conscientização e a auto-estima na população local.
Não se pode esquecer que o turismo cultural já é considerado no Brasil a terceira opção de viagem dos turistas internacionais, depois da consagrada e tradicional opção praia e sol e do ecoturismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação entre museus e turismo em nosso país ainda é bastante incipiente e caminha lentamente.
O Brasil vem recebendo um número crescente de turistas nos últimos anos que não vêm apenas em busca da famosa associação praia e sol. Essa mentalidade começa a mudar e os bens patrimoniais também passaram a ser alvo de atenção e referência por parte de turistas nacionais estrangeiros, mesmo que ainda timidamente.