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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Resumo do livro: O museu e a vida de DanieleGiraudy e Henri Boulhet, Ed. UFMG, 1990

Georges-Henri Riviere, primeiro diretor do Conselho Internacional dos Museus, define o museu como “uma instituição a serviço da sociedade que adquire, conserva, comunica e expõe com a finalidade de aumentar o saber, salvaguardar e desenvolver o patrimônio, a educação e a cultura, bens representativos da natureza e do homem”.
O museu é um serviço público a serviço do público.
A transformação radical dos museus, ao longo dos últimos quinze anos, deveria também acarretar a dos seus visitantes e do pessoal científico que nele trabalha, reúne, conserva e expõe as coleções destinadas ao estudo, deleite ou educação.
Existem, na verdade, vários tipos de museus: museus de história natural, palácio da descoberta, museus de ciências, jardins zoológicos, instituições que conservam indumentárias, máquinas, fósseis, esqueletos, plantas, instrumentos agrícolas, insetos, aviões, tecidos, faianças e conchas, e até experiências mecânicas ou atividades artesanais. Há, também, os museus de artes populares e os museus ao ar livre, que expõem, em seu contexto natural, residências ou propriedades rurais.
O museu é a casa dos objetos dos homens, fabricados ontem, hoje, aqui ou alhures. Nele, Tempo e Espaços são abolidos. Na idade do efêmero e do consumismo, o museu conserva para amanhã. Aí residem sua singularidade, seu papel e seu objetivo. Mas essas insubstituíveis coleções de objetos originais bi ou tridimensionais são tão inúteis ao visitante quanto um livro nas mãos de um analfabeto, se não forem expostas de modo a serem compreendidas ou amadas.
Assim como é necessário saber escrever de forma clara para os leitores, as palavras se ordenando em frases, da mesma forma os objetos de museu devem articular-se uns aos outros e adquiri sentido no espaço das salas que são percorridas como se folheia as páginas de um livro, o livro da criação humana.
O museu surge a partir da coleção, seja ela de origem religiosa ou profana. Desde a Idade da Pedra, o homem pré-histórico reúne ao redor de si objetos agrupados em determinada ordem, desvio do instituto de posse.
Acumulação gratuita de objetos variados ou idênticos, o gosto de colecionar caracteriza tanto determinados animais quanto a maioria das crianças cuja mania de colecionar se desenvolve na idade da razão à adolescência, justificada pela necessidade de classificar o mundo exterior, compensando, por vezes, um vazio afetivo ou um sentimento de insegurança.
A coleção é compensadora, também, para numerosos colecionadores. A coleção faz crescer, protege-os e valoriza-os, é também um meio de afirmação social ou sobrevivência.
Com o Renascimento, os humanistas e os grandes deste mundo reúnem coleções profanas para as quais, pela primeira vez, consituir-se-á um invólucro. Organizadas em pequenos espaços privados, destinam-se ao estudo, meditação ou contemplação.
os gabinetes de curiosidade, ou câmaras de maravilhas, reúnem animais, objetos ou obras raras, fabulosas ou insólitas, em um bricabraque no qual impera o amontoamento.
Um outro tipo de espaço destinado à exposições são as galerias.
As galerias de aparato, encomendadas pelos monarcas, príncipes e papas para suas residências, destinavam-se especialmente, pela justaposição de obras excepcionais, ao desdobramento de seus visitantes. A galeria apresenta-se geralmente como uma sala muito longa, com numerosas arcadas ou janelas de um lado pelas quais penetra a luz que ilumina a parede oposta destinada às pinturas dos maiores artistas da Europa. Os preciosos pisos de pedra ou de madeira marchetados recebem dispostas em pedestais alinhados, esculturas antigas de mármore ou de pedra.
Os museus de história surgem com as galerias iconográficas dos castelos, expõem, para a educação dos visitantes, retratos dos generais ilustres, filósofos, sábios e artistas que iluminaram as grandes fases da história do pensamento, como as igrejas medievais, através de seus afrescos e das esculturas do pórtico, explicavam aos fiéis o Antigo e o Novo Testamento.
No final do século XVII, com as conquistas da Revolução e do desenvolvimento dos nacionalismos, brota a idéia de que tais riquezas não são propriedade única dos poderosos, pertencendo doravante aos povos. Passa-se da noção de coleção à de patrimônio.
Torna-se, então, necessário classificar os acervos e organizar de modo mais sistemático o espaço do museu: a galeria de antiguidades torna-se museu arqueológico. Os objetos são reunidos, ordenados, não se misturam mais as antiguidades pré-colombianas, egípcias, gregas à pré-história e à arte asiática. A arte gótica da Idade Média é diferenciada da arte do Renascimento nas salas consagradas às belas-artes.
Todos os vastos complexos de museus das grandes capitais européias já estão constituídos no início do século XIX: de Paris com o Museu do Louvre a São Petesburgo, onde é aberto o último grande museu do século XIX, o Novo-Ermitage.
Mas constitui inovação do século XX a criação americana dos parques nacionais, assim como, nos países nórdicos, a dos principais museus ao ar livre consagrados à etnologia regional, diante da decadência, em plena época industrial, do folclore, da arte popular e das tradições que anteriormente não tinham direito de cidadania.
Em outra área, a das ciências exatas e tecnologia, um dos mais interessantes exemplos, é o Munque, o Detsches Museum. Quanto às conquistas espaciais, aparecem os planetários, instrumentos grandiosos de explicação do Cosmos.
A herança cultural dos povos, a educação científica das massas, o desenvolvimento da cultura e sua democratização, a ecologia do homem e da natureza presidem à fundação de um número cada vez maior de museus organizados cientificamente em prédios mais diversificados, que começam a preparar serviços anexos que facilitam o acesso do grande público: salas de reunião, recepção, estudo, descanso, serviços educativos, serviços de empréstimos, salas reservadas especialmente a determinada categoria de público: pesquisadores, grupos, crianças, deficientes físicos.
Mostrando suas obras-primas em conventos abandonados enquanto assiste à missa no Palácio dos Esportes, a sociedade contemporânea abandona, nesses últimos vinte anos, as referências sacralizadas do museu-templo, preferindo-lhe o museu-fórum, as confrontações de nossas diferenças mútuas, e inventando, mediante arquitetos interpostos, seus novos espaços culturais.
Numeroso museus atualmente apresentam-se como parques, onde natureza e pavilhões se interpenetram.
Após ter sido coleção de prestígio pessoal ou político, instrumento de educação e cultura, local de conservação do patrimônio nacional ou regional, o museu torna-se hoje o lugar de expressão da sociedade e, colocando-se finalmente a seu serviço, passa a expressá-la.
A galeria de vizinhança e o ecomuseu são as novas formas e as mais recentes opções dessa instituição em plena mutação que finalmente se transforma em serviço público.
Nas galerias de vizinhança o trabalho científico dos técnicos dos museus é completado pela participação de uma comunidade de habitantes que reúne crianças, estudantes, operários, famílias, minorias, grupos e associações profissionais trabalhando junto aos animadores da galeria sobre temas escolhidos pelo grupo, que reflete, se documenta, se exprime participando das ações coletivas dessa nova instituição.
O ecomuseu, inventado por Hugues de Varine e Georges-Henri Rivieri, constituiu um progresso suplementar. No mesmo espírito, representa um passo à frente, integrando não somente os habitantes, visitantes transformados em atores, participando da vida do museu, mas também a ecologia da região rural ou industrial circundante, marcando, assim, uma etapa fundamental em relação ao museu ao ar livre do século passado.
Um ecomseu é um espelho no qual a população olha para si mesma para reconhecer-se, procura explicação para o território ao qual está ligada, juntamente com a das populações que a precederam na descontinuidade ou na continuidade das gerações. Um espelho que essa mesma população estende a seu hospedes, para fazer-se melhor entender no seu trabalho, seu comportamentos, sua intimidade.
Ao longo dessa série de progressos, o museu não é mais unicamente um centro de documentação e de pesquisa que reúne coleções propostas ao olhar. Integrando o destinatário de sua ação, o público, passa-lhe enfim a palavra, tornando-se também o local que lhe possibilita expressar-se. Chegou o tempo, com essa mutação, de nos conscientizarmos do fato de que as coleções constituem um patrimônio público, que deve ser acessível sem cansaço ou preços excessivos, em horários adequados.
O elo ativo entre o visitante e o objeto transforma-se, por vezes, em retorno às fontes nos museus abertos, que são os parques nacionais, museus ao ar livre onde a natureza, a fauna e a flora, o habitat tradicional e os costumes quase esquecidos passam a reviver.
Os acasos da fortuna estão em freqüência na origem do patrimônio cultural de uma nação, ou de uma cidade, por vezes reunido ao longo dos séculos de maneira bastante diversa, doações, coletas, expedições científicas, campanhas de compras sucessivas, e, até mesmo, campanhas militares.
Há alguns anos, os museus se conscientizaram da necessidade de adotar uma política de aquisição coerente e ordenar suas coleções não mais em função do gosto de determinado responsável, ou da raridade e preço de determinada obra, mas a partir de critérios científicas ou das necessidades de seu público.
A identificação precisa dos objetos constitui a segunda faze da tarefa científica do conservador de museus.
Examinado, etiquetado, numerado, fotografado, recuperado e restaurado, o objeto é submetido a uma minuciosa pesquisa documental, histórica, econográfica, posteriormente reunida em um catálogo.
A atividade essencial do museu, após a aquisição e constituição de seu acervo, sua linguagem própria e a finalidade de sua ação, é a exposição dos objetos pelos quais é permanentemente responsável ou dos que toma emprestado para figurar em eventuais exposições temporárias, com o objetivo de criar um contato direto entre o acervo e os visitantes, quer se trate de uma pintura abstrata, um fóssil, um inseto ou um motor de explosão.
As exposições itinerantes: um museu digno desse nome significa, também, com freqüência, um trabalho extramuros. As obras, encaixotadas, podem, durante um circuito de cidade em cidade, ser expostas em outros locais, atingindo um público mais amplo longe do museu, e, nesse caso, é a própria exposição que deve ser pré-embalada, que dizer as obras, os painéis explicativos, as etiquetas, os expositores, os mapas, bem como a documentação.
Uma vez dispostas as obras nas paredes, em painéis e vitrines ou sobre pedestais, etiquetadas com esmero, bem documentadas, organizadas em um circuito coerente, muito ainda resta a ser feito para que as condições ambientais da exposição sejam satisfatórias.
O clima do museu deve ser constante e preservar uma porcentagem equilibrada entre a umidade do ar ambiente, cujo abuso pode provocar mofo, e o calor excessivo que resseca, a luminosidade do sol que queima as cores.
Essa relação calor/umidade é chamada umidade relativa, e suas normas dependem do clima do país considerado e da natureza das obras.
O Conselho Internacional dos Museus – ICOM, emanação da UNESCO, com sede em Paris, congrega através do mundo o pessoal científico dos museus e dá andamento ao estudo da evolução da profissão museal, definindo o museu como uma instituição a serviço da sociedade.
Em um número cada vez maior de países da Europa, Ásia, Américas do Norte e do Sul, ou África, a formação profissional dos jovens museólogos torna-se cada vez mais científica, seja nas universidades, seja nos próprios museus.
Historiador especializado em arte, ciências naturais ou humanas, tecnologia, pedagogia, o diretor de museu deve ser capaz, mediante suas próprias pesquisas, de formar e estudar as coleções sob sua responsabilidade, quer se trate de obras de arte, cogumelos, fósseis ou máquinas. Enquanto conservador cuida, juntamente com o restaurador, da saúde das aquisições tombadas nas melhores condições (clima, temperatura, luz, poeira, segurança contra roubos, incêndios). Enquanto museógrafo, expõe, em um espaço coleções fundamentais que se destinam a um público mais amplo.
A cultura através do museu não é um luxo, mas uma necessidade; pode voltar a ser, diante da degradação qualidade de vida na passividade dos usuários, uma maneira de aprender, comunicar e ser, melhorado a qualidade de vida. Distancia-se, portanto, o tempo em que a coleção era constituída para o prestígio de um príncipe ou de uma cidade, para deleite de um número reduzido de pessoas e começa a época onde o museu, inserido em uma política cultural de educação, torna-se o ponto de encontro privilegiado do patrimônio e da sociedade, ao mesmo tempo que uma janela para o mundo, reflexo de um meio ambiente social, cultural e humano.
Por mais belas e completas que sejam as coleções, por mais adaptado que seja o prédio, a diferença entre o bom e um mau museu é freqüentemente devida, no fim das contas, à qualidade humana da pessoa que o dirige e o orienta, à sua capacidade de estimular e coordenar sua equipe e deixar passar esse influxo para o público. Entusiasmo, confiança, rigor, desprendimento, abertura de espírito, sentido prático são tão importantes quanto títulos ou diplomas, as dimensões do prédio e a qualidade de seus escritos.
O público conjunto de pessoas que lêem, vêem, escultam as obas conforme a definição do dicionário, é formado no museu por indivíduos de toda espécie, curiosos, turistas ou amadores, e grupos organizados, profissionais, sociais, culturais, educativos, escolares inclusos, escoteiros, pessoas de terceira idade, deficientes físicos.
A visitação dos museus segundo a autora do livro depende de quatro fatores principais:
- a categoria sócio-profissional: as classe superiores constituem quase sozinha o público dos museus;
- a idade: a freqüência é máxima para as turmas de jovens estudantes, universitários;
- a renda: gera o lazer e possibilita o turismo cultural, arrastando para os museus, nos roteiros de férias, um público que os visita raramente em seus locais de trabalho;
- o nível de instrução e o sexo: que resumem e explicam os fatores anteriores, as mulheres com nível superior vão duas vezes mais ao museu do que os homens portadores do mesmo diploma.
A obra de arte existe como tal unicamente para os que detêm os meios de decifrá-la, conseqüência do nível educacional, outros códigos nas classes populares integram a obra segundo suas qualidades expressivas, técnicas, a antiguidade, critérios decisivos que afastam totalmente esse público da arte moderna e contemporânea.
Inicia-se uma nota etapa dos museus: nesse novo museu transformado em local de encontro de informações e intercâmbio, as coleções tornam-se o elo vivo entre as diferentes categorias de visitantes, expresso por diferentes formas de expressão.
Na raiz de todos os problemas do ser humano encontra-se uma ausência total de interesse que não seja por nossa própria sobrevivência. De que servem todos os remédios propostos para conservar a história das civilizações ou para manter a cultura se o home é totalmente indiferente? se o fato de educar não forma pessoas interessadas pelo que se passa em volta delas durante sua única vida, então a educação é, antes de tudo um fracasso.
Os museus são os maiores laboratórios disponíveis para estudar a forma pela qual ser despertado o interesse e que esse problema é essencial ano nosso desejo de sobreviver enquanto seres humanos.

sábado, 10 de abril de 2010

Turismo e Patrimônio Cultural - Museus

INTRODUÇÃO

Turismo é o deslocamento de pessoas de seu domicílio cotidiano, por no mínimo 24 horas, com a finalidade de retorno, segundo definição da OMT – Organização Mundial do Turismo. Trocas de experiências entre os viajantes e a população local. Essa parece ser a essência mesma do turismo, pois, principalmente com as novas tecnologias, quase tudo se poderia fazer sem sair de nosso ambiente, tanto descansar quanto aprender uma língua estrangeira. Em principio, portanto, as pessoas só decidem viajar se e quando querem entrar em contato com outros costumes e maneiras de viver, com outros povos e culturas, com outras realidades.
De uma forma bem ampla, pode-se dizer que todo turismo é cultura. O turismo de massa trouxe novas formas de se fazer turismo sem que se tenha, efetivamente, que se sair de seu próprio ambiente. A idéia é que não é o que se vê, mas como se vê, que se caracteriza o turismo cultural.
O patrimônio cultural é tudo aquilo que constitui um bem apropriado pelo homem, com suas características únicas e particulares.
Às vezes, a solenidade atribuída ao termo patrimônio sugere que se façam parte apenas os grandes edifícios ou grandes obras de arte, mas o patrimônio cultural abrange tudo que constitui parte do engenho humano e, por isso, pode estar no cerne mesmo do turismo.
O turismo tende a considera o patrimônio cultural como aquele que se volta para certos tipos de atividades mais propriamente culturais, tais como as visitas a museus, a cidades históricas ou a roteiros temáticos.
Ainda que a política de patrimônio cultural tenha preservado muito desigualmente os bens culturais, com o predomínio do grandioso e rebuscado em detrimento daquilo que representa os costumes e anseios de muitos, não cabe dúvida de que o contato direto com museus, edifícios e artefatos históricos permite uma salutar abertura para a variedade cultural, no passado e no presente.
Em certo sentido, o folclore pode ser considerado como a expressão cultural mais legítima de um povo, sua alma expressa de forma figurada em mil histórias e rituais que, além de encantarem o turista, permite que se trave contato direto com as muitas manifestações de identidade.
As viagens permitem não apenas conhecer outras realidades, mas perceber e valorizar a grande e rica diversidade cultural brasileira. A cidadania só constrói com o reconhecimento e respeito pelas muitas formas de se viver e de se pensar o mundo.
O turista atento à cultura apreciará melhor seus interlocutores locais e seus costumes, aproveitará melhor seu lazer e poderá valorizar a diversidade cultural, contribuindo, dessa forma, para a formação de uma cidadania mais critica. Não apenas consumidores passivos da cultura, mas poderão interagir com as diversas manifestações culturais.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

No século XVII, as boas famílias mandavam seus filhos completarem a educação com viagens nas quais aprendiam línguas e costumes de outros povos, compravam obras de arte e visitavam os monumentos da Antiguidade.
Em meados do século XIX, as viagens passaram a ser organizadas por pessoal especializado, tornando-se, aos poucos, uma forma de negócio denominado turismo, gerador de lucros, empregos e divisas, para numerosos países. O pioneiro no ramo parece ter sido Tomas Cook que constituiu na Inglaterra uma empresa inicialmente dedicada às excussões ferroviárias de recreação.
A atividade turística é, portanto, produto da sociedade capitalista industrial e se desenvolveu sob o impulso de motivações diversas, que incluem o consumo de bens culturais. O turismo cultural, tal qual o conceito atualmente, implica não apenas a oferta de espetáculos ou eventos, mas também a existência e preservação de um patrimônio cultural representado por seus museus, monumentos e locais históricos.
Originalmente a palavra patrimônio esteve relacionada à herança familiar, mais diretamente aos bens materiais. No século XVIII, quando, a França, o poder público começou a tomar as primeiras medidas de proteção aos monumentos de valor para a história das nações.
Unifica-los em torno de pretensos interesses e tradições comuns, resultando na imposição de uma língua nacional, de costumes nacionais, de uma história nacional que se sobrepôs às memórias particulares e regionais.
Ao falarmos patrimônio, em geral, nos referimos `a uma parte apenas dos bens culturais, o patrimônio histórico-arquitetônico. Essa noção foi abarcada por outra, mais ampla, a de patrimônio cultural, que envolve ainda a de patrimônio ambiental, uma vez que hoje concebemos o ambiente como um produto da ação dos homens, portanto, da cultura.
A construção do patrimônio cultural é um ato que depende das concepções que cada época tem a respeito de que, para quem e por que preservar.
A partir do final da década de 1970, verificou-se a valorização do patrimônio cultural como um fator de memórias das sociedades. Hoje entendemos que, além de servir ao conhecimento do passado, os remanescentes materiais de cultura são testemunhos de experiências vividas, coletiva ou individualmente, e permitem ao homens lembrar e ampliar o sentimento de pertencer a um mesmo espaço, de partilhar uma mesma cultura e desenvolver a percepção de um conjunto de elementos comuns, que fornecem o sentido de grupo e compõe a identidade coletiva.
Assim, acreditamos que preservar o patrimônio cultural – objetos, documentos escritos, imagens, traçados urbanos, áreas naturais, paisagens ou edificações – é garantir que a sociedade tenha maiores oportunidades de perceber a si própria.
A forma de pensar nossa herança cultural como um lugar de memória vai de encontro à pratica de preservação do patrimônio que se estabeleceu no país na década de 1930 e, até certo ponto, ao próprio rumo assumido pelas atividades de turismo no Brasil.
A própria concepção de cultura e história. País de herança escravista, no qual o trabalho não era visto como forma de criação de valores culturais, os objetos considerados dignos de proteção estiveram, até recentemente, relacionados à colonização e às classes proprietárias, cujo conceito de sociedade e privilégios excluíam, em geral, todos os não proprietários.
Negros e brancos pobres eram vistos nos livros escolares como trabalhadores, mas não construtores de cultura, distinção que cabia a poucos, brancos e proprietários, com acesso aos bancos das faculdades e à cultura européia, tida como modelo.
Desse modo, é de todo compreensível a distância entre o patrimônio cultural e a maioria da população brasileira, uma vez que essa não reconhecia nele nada seu.
A memória é uma forma de os indivíduos e as sociedades recomporem a relação entre o presente e o passado, para manter o equilíbrio emocional.
Na década de 1690, o governo Castelo Branco instituiu o Conselho Nacional de turismo e a Empresa Nacional de Turismo – EMBRATUR, ambos voltados para a coordenação das atividades de turismo às necessidades do desenvolvimento econômico e cultural. O Sistema Nacional de Turismo foi instituído em 1967, ano em que também se realizou o I Encontro Oficial de Turismo Nacional. Tratava-se de fomentar uma atividade econômica que atendia ao desenvolvimento social.
A finalidade do patrimônio, originalmente tida como a de representar o passado das nações, multiplicou-se. A partir de dois pontos de vista, muitas vezes tomados com antagônicos – o de poder público, que pretende a valorização dos bens como mercadorias culturais, e o de parte da sociedade, que o vê como um fator comum de qualidade de vida.
Uma das ameaças à manutenção da herança cultural é o turismo massificado e sem controle, uma vez que ele destrói a identidade de cada lugar.

MUSEUS

Esta estreita relação entre o turismo e os museus vem sendo construída ao longo do tempo, cujos elementos-chave podem ser entendidos como a existência de acervos consagrados, de um trabalho dinâmico de musealização e, finalmente, de estratégias de marketing direcionada ao turismo.
Na cruzada para atrair o turista, os museus mais importantes contam com exposições temporárias, constantemente renováveis; pessoal treinado para atender diferentes segmentos de público; ingressos promocionais; publicações impressas em vários idiomas; e divulgação das atividades por meio de campanhas publicitárias. Nesse contexto, os museus, além de espaços de exposições, curadoria, pesquisa e ação educativa, transforma-se, eminentemente, numa atividade rentável, geradora de recursos, aplicadas na sua própria manutenção. Mais muito mais, os museus passam a constituir, por si só, um pólo de atração, cujos dividendos são repartidos com diversos setores da indústria turística.
A ausência de incentivo e divulgação mais agressiva cria um círculo vicioso, que afasta o turista dos museus e ao mesmo tempo impedem que o museu se reestruture para atingir um público mais amplo. Um potencial à ser explorado.
O Brasil possui museus históricos, de arte, de arqueologia e de ciências que se inserem numa perspectiva museológica mais próximos do tradicional. Muitos deles foram criados no século XX, e sua história se confunde até mesmo com as características arquitetônicas do prédio que os abriga. Uma visita a um desses locais de justificaria, em termos turísticos, não só pelo conteúdo do acervo, mas também pelo valor de sua arquitetura.
Mesmo sem rivalizar com os principais museus europeus, no campo das artes temos vários museus de destaque.
Um museu recebe grande número de estudantes e turistas, atraídos pela possibilidade de compreender um pouco mais da história regional.
A partir da década de 1970 foram desenvolvidos diferentes modalidades de museus, que representam formas de comunicar o conhecimento ultrapassando a barreira física dos prédios, especialmente construídos para abriga-los.
Embora a relação entre museus e turismo seja ainda incipiente, ela representa segmento de mercado a ser trabalhado. Nesse sentido, alguns investimentos são necessários por parte dos museus, das comunidades envolvidas e dos setores ligados ao turismo. mesmo diante das dificuldades assinaladas, parece-nos importante ressaltar o potencial turístico dos meseus.

REFERÊNCIA

FUNARI, Pedro Paulo e PINSKY, Jaime. Turismo ePatrimônio Cultural. Ed. Contexto, São Paulo, 2003.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Resumo do livro: Turismo e Museus, Camilo de Mello Vasconcellos, 2006, Ed. Aleph

INTRODUÇÃO

As estatísticas de visitação destes museus indicam que tais instituições vêm sendo procuradas por uma legião cada vez maior de turistas, ávidos por conhecer as distintas manifestações culturais e artísticas de povos com os quais não mantêm contato, ou cujos acervos sugerem alguma “viagem” pelo imaginário de seus visitantes.
No Brasil, a busca pela visitação d instituições museológicas também vem crescendo, não só por parte do turista nacional, mas também por parte do turista estrangeiro, que procura roteiros e programas que fujam do tradicional trinômio “praia, sol e floresta”, tão difundido pelas agências internacionais como sendo o “típico” de nosso país.

DE CASA DAS MUSAS A INSTITUIÇÃO PÚBLICA: o longo itinerário dos museus

A origem do termo museu retoma à palavra grega mouseion, ou casa das musas, que na Antiguidade clássica era o local dedicado, sobretudo, ao saber e ao deleite da filosofia. As musas, na mitologia grega, eram as nove filhas de Zeus, a maior divindade do panteão religioso grego, gerara com Mnemosine, deusa da memória. As musas possuíam criatividade e grande memória, além de serem dançarinas, poetisas e narradoras que ajudavam os homens a esquecer a ansiedade e a tristeza cotidianas. Nesse sentido, as obras de arte expostas no mouseion tinha mais a intenção de agradar às divindades que propriamente serem abertas à contemplação e admiração de possíveis visitantes.
O primeiro grande mouseion de que se tem notícia existiu em Alexandria, no Egito, por volta do século II antes de Cristo. Esse mouseion buscava reunir todo o conhecimento humano em diversas áreas do saber, como filosofia, medicina, história, astronomia, mitologia, zoologia etc. Seus principais objetivos relacionavam-se com as obras de arte e estátuas, instrumentos cirúrgicos, pedras preciosas e minérios trazidos de lugares bem distantes. Dispunham também de biblioteca, anfiteatro, salas de trabalho, refeitório e jardins.
Como se pode perceber, os museus estão intimamente relacionados ao ato de colecionar, portanto, com coleções que podem ser tanto de origem religiosa como profana. Essa prática do colecionismo muitas vezes foi movida pela busca do objeto raro que completaria uma série, e esteve voltada tanto para obras-primas como para objetos mais simples, ou mesmo para aqueles considerados exóticos.
Na Idade média, a Igreja passou a ser a principal receptora de doações, e também a formar verdadeiros tesouros, como o famoso “tesouro de São Pedro”.
O que fica evidente é que para os detentores das coleções, esses objetos refletiam o poder econômico e político de então, e eram conhecidos apenas por pessoas pertencentes à elite local de determinadas épocas, portanto, o acesso a essas coleções era totalmente restrito.
É bom que seja mencionado que as galerias de arte encomendadas pelos monarcas, príncipes e papas para suas residências acabaram dando origem aos museus de belas-artes,l enquanto os gabinetes de curiosidades originariam os museus de história natural, e os gabinetes de antiguidades, os museus de arqueologia.

O museu como instituição pública

O primeiro museu público europeu de que se tem notícia é o Ashmolena Museum, de Oxford, na Inglaterra, e sua inauguração data de 1683, por conta de uma doação da coleção de Jonh Tradeskin a Elias Ashmole, com a condição específica de que este a transformasse em um museu da Universidade de Oxford.
Na verdade, foi somente após a Revolução Francesa de 1789 que se teve acesso definitivo às grandes coleções, tornando-as, portanto, públicas e passíveis de serem visitadas em diferentes museus.
Com a ascensão da burguesia na Europa após a Revolução Francesa, uma nova concepção foi incorporada ao universo museal: a noção de patrimônio, pela qual os museus dos príncipes e dos reis passaram a ser museus das nações.
Em relação à América Latina e ao Brasil, especificamente, a influência que recebemos dos museus europeus ainda no século XIX foi bastante predominante.

Os museus do século XX

No século XX, o grande desafio colocado para o mundo museológico foi o de tornar suas coleções e suas propostas cada vez mais acessíveis para o visitante de qualquer proveniência, faixa etária e segmento social.
O ecomuseu é uma instituição que administra, estuda, explora, com fins científicos, educativos e, em geral, culturais, o patrimônio global de uma determinada comunidade, compreendendo a totalidade do ambiente natural e cultural dessa comunidade. Por essa razão, o ecomuseu é um instrumento de participação popular no planejamento do território e no desenvolvimento comunitário. Para tanto, o ecomuseu emprega todos os recursos em métodos de que dispõe para faze com que essa comunidade apreenda, analise, critique e domine de maneira livre e responsável os problemas que se apresentam a ela com todos os domínios da vida. O ecomuseu utiliza essencialmente a linguagem do objeto, do quadro real da vida cotidiana, das situações concretas. Ele é, antes de tudo, um fator almejado de mudanças.
A partir dessa definição são dois os pilares em que se fundamentam os ecomuseus: o desenvolvimento das comunidades e a pedagogia que se apóia em um patrimônio e em agentes que pertencem a essa mesma comunidade.
Os ecomuseus caracterizam-se pela efetiva contribuição para a preservação de tradições e costumes de uma comunidade pela valorização in loco, não pela retirada de certos objetos importantes de seu contexto de uso para o local privilegiado das vitrines do museu.
O ecomuseu significa um roteiro que visa retraçar a trajetória de um determinado período da história daquela comunidade, integrando-as ao seu significado no presente.

MUSEU E TURISMO: uma relação possível

O público de hoje está ávido por qualidade, e o museu pode proporciona-lo. O monumento mais visitado do mundo não é nem a Torre Eiffel nem o Taj Mahal, mas o Centro Georges Pompidou, com oito milhões de visitantes por ano. Um bom museu é uma coisa pela qual o público está disposto a pagar.
Do ponto de vista antropológico, o turismo é considerado uma atividade transcultural vinculada aos mecanismos sociais de consumo próprios de um mundo globalizado, e que vem experimentado um desenvolvimento extraordinário, especialmente a partir do século passado.
Para alguns autores, o turismo é um meio de obtenção de divisas que leva progresso e desenvolvimento econômico aos países ricos em atrativos patrimoniais, pois abre postos de trabalho, promove a conservação de monumentos, sítios e paisagens, ao mesmo tempo que fomenta sua identidade e promove sua imagem em nível internacional. Já para outros, o turismo oferece igual número de desvantagens e benefícios.
Alguns autores afirmam que, ao atrair a atenção para o patrimônio natural ou cultural, o turismo promove sua conservação e valorização. Há também uma idéia romântica que está muito em voga na atualidade, proveniente dos séculos XVIII e XIX: de que o turismo gera e promove a harmonia entre os povos, sendo inclusive assumida pela UNSESCO, quando afirma que “o turismo promove um diálogo mais rico entre as culturas”.
A definição do que se compreende por museu segundo o Conselho Internacional de Museus – ICOM: “museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe testemunhos materiais do homem e de seu meio, para fins de estudo, educação e lazer”.
As funções dos museus são:
- A questão da pesquisa que o museu realiza com base em um acervo constituído de diferentes maneiras, segundo a tipologia de cada instituição (artes, história, arqueologia, etnologia, zoologia, etc.)
- O papel social do museu, portanto, com inserção na sociedade no sentido de contribuir para a melhoria de vida das pessoas.
- O papel educativo que o museu desempenha com a finalidade de contribuir para o despertar da consciência do indivíduo em relação ao patrimônio do qual é herdeiro e do seu potencial em termos de ensino e aprendizagem.
- O caráter de instituição aberta ao público, por isso, de se um espaço que atenda às necessidades das distintas categorias que buscam essa instituição. Neste sentido está implícito algo mais que uma instituição aberta ao público, mas a serviço dele.
A diversificação e a mutilação dos museus não se devem ao fato de que estes se dirigem ao público para atraí-lo apenas com o intuito de aumentar suas receitas, mas que o público comparece aos museus por causa de motivações profundas, nas quais existe a vontade de conhecer os vestígios de uma sociedade em mudança, revalorizando questões como a identidade e o conhecimento de outras culturas.
O museu é algo mais que mercado de tempo livre, porto que trata de preservar traços da memória da humanidade para que as gerações presentes e futuras possam deleitar-se com o gozo e o aprendizado de sua contemplação. Está clara, portanto, a idéia de que o museu apresenta como um lugar de convivência que abre as portas para que toda e qualquer categoria de público possa usufruir um espaço não só de lazer, mas fundamentalmente de reflexão a respeito da memória histórica e de um simbolismo transcendente.
Prevê a necessidade de haver uma relação harmônica entre os museus e o turismo cultural, no sentido de atender a todos os aspectos constitutivos do museu, como infra-estrutura, qualidade da coleção, sistemas de informação e comunicação, atividades educativas e de exposição, funcionários e relação com o entorno.

OS MUSEUS E O TURISMO NO BRASIL

No Brasil, a cultura, e o turismo foram equivocadamente considerados dois mundos distintos, e isso porque, do ponto de vista histórico, os homens de cultura manifestaram sempre uma certa reticência perante os temas do comércio e do dinheiro, como se fossem realidades estranhas entre si. De modo geral, o mundo da preservação patrimonial – onde estão inseridos os museus – foi sempre percebido como uma função do Estado, e o turismo como objetivo exclusivo da iniciativa privada.
O museu pode representar um papel importante na construção do projeto turístico; ele tem como uma de suas funções preservar o patrimônio para garantir uma análise do desenvolvimento e qualidade de vida das pessoas.
Os museus podem agir como elo de ligação entre as várias partes envolvidas; dando suporte para a educação patrimonial e ambiental; oferecendo cursos de conscientização do valor do patrimônio; auxiliando na capacitação dos promotores e receptores.
Podem ainda elaborar projetos em parceria com a secretaria de turismo, visando a melhor preparação do entorno para a visita do público; organização da infra-estrutura e criação de programas de difusão permanentes. O museu, como canal de comunicação privilegiado que é, tem a capacidade de despertar a conscientização e a auto-estima na população local.
Não se pode esquecer que o turismo cultural já é considerado no Brasil a terceira opção de viagem dos turistas internacionais, depois da consagrada e tradicional opção praia e sol e do ecoturismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação entre museus e turismo em nosso país ainda é bastante incipiente e caminha lentamente.
O Brasil vem recebendo um número crescente de turistas nos últimos anos que não vêm apenas em busca da famosa associação praia e sol. Essa mentalidade começa a mudar e os bens patrimoniais também passaram a ser alvo de atenção e referência por parte de turistas nacionais estrangeiros, mesmo que ainda timidamente.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Turismo: profissão paixão!

Para o senso comum ainda, de certa forma, o turismo é uma profissão que possibilita apenas exercer atividades no mercado de trabalho de hotéis e agências de viagens do local em que a Universidade está inserida, não enxergando o “leque” de opções que o mundo nos oferece a partir do momento em que se adquire este “apaixonante” conhecimento científico. Turismólogos também foram feitos para trabalhar em agências de viagens e hotéis demonstrando assim sua visão global, que deve ser o seu diferencial.
Quais as palavras ou imagens vêm à sua mente quando se fala “TURISMO”? Arrisco algumas sugestões: férias, lazer, descanso, viagem, família, alegria, novos conhecimentos, sabor, gentilezas, outros povos, vida, liberdade, natureza. Geralmente, o turismo sempre nos remete à coisas boas e agradáveis já que enquanto turistas, estas sensações são reais, desde que tudo transcorra conforme planejado, é claro. Profissionalmente, para aqueles que o escolheram como meio de realização pessoal, também não é diferente. Isto exemplifica o quanto a palavra TURISMO é de senso comum. E o que é o senso comum? Segundo ARANHA & MARTINS (2003, p.60), “é o conhecimento adquirido por tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos”. Talvez também por isso, muitas vezes, há uma percepção equivocada da atividade turística, tão diversa e complexa, e bem diferente do que parece ser. Diversa, por envolver disciplinas e profissionais diferentes com um mesmo objetivo de tornar a atividade turística um sucesso. Não há como realizá-lo de forma adequada, sem a inter, a multi e a transdisciplinaridade. Na formação acadêmica do bacharel em turismo são necessários conhecimentos gerais sobre geografia, história, língua portuguesa, administração de empresas, filosofia, sociologia, antropologia, estatística, marketing, técnicas de pesquisa e outros. E continua sua diversidade nas disciplinas específicas como agenciamento de viagens, transportes, hotelaria, ecoturismo, planejamento e organização de eventos, políticas públicas do turismo e outras mais. Para o senso comum ainda, de certa forma, o turismo é uma profissão que possibilita apenas exercer atividades no mercado de trabalho de hotéis e agências de viagens do local em que a Universidade está inserida, não enxergando o “leque” de opções que o mundo nos oferece a partir do momento em que se adquire este “apaixonante” conhecimento científico (apesar do Turismo ainda não ter se firmado como ciência). Turismólogos também foram feitos para trabalhar em agências de viagens e hotéis demonstrando assim sua visão global, que deve ser o seu diferencial. Porém, acredito que sua maior missão está em empreender, ousar, criar, projetar o Turismo, seja onde há o produto formatado para comercialização, seja onde ainda não há o produto turístico, mas há o potencial (que em minha opinião sempre há em qualquer lugar do planeta) aguardando o planejamento adequado para o desenvolvimento sustentável e responsável, gerando benefícios diversos como geração de renda, empregos, desenvolvimento social, ambiental e cultural de um povo, que inclusive também se transformou hoje em informações de senso comum, já que se fala tanto nos benefícios do turismo. É importante ressaltar também os cuidados quanto aos impactos negativos do Turismo, sendo geralmente resultantes da falta de planejamento adequado, se transformando muitas vezes em sinônimo de exclusão social, supervalorização de produtos e imóveis locais, degradação da natureza e descaracterização da cultura autóctone. Isso ilustra mais uma vez a complexidade da “Profissão Turismólogo” e a necessidade de uma formação completa e diversificada. Seja egresso ou concluinte do curso de graduação, quem já não ouviu os comentários: “Você faz turismo?” "Então é turista?” E ainda: Vai ser “guia turístico”? (o que é um equívoco, pois em se tratando do profissional “guia” o termo correto é guia de turismo). Enfim, cabe a nós, estudantes e profissionais trazer à tona o verdadeiro valor do profissional de turismo que durante muitos anos trabalhou em favor dos comentários que escutamos hoje. É preciso acreditar no turismo e fazê-lo conhecido como instrumento de inclusão de minorias, geração de auto-estima, valorização do “saber fazer”, e ainda, fomentador de cultura e conscientização ambiental, conceitos fundamentados por profissionais com uma formação superior em Turismo, que dependam mais da paixão que “arde” em seu interior do que de sistemas educacionais e projetos pedagógicos de Instituições de Ensino Superior. Aos que escolheram o Turismo como “PAIXÃO”, que mantenham esta chama acesa, para que todas as dificuldades (comuns à todas as profissões do atual mundo globalizado competitivo) sejam utilizadas como “trampolim” para o seu sucesso! Aos que estão na eminência de se “apaixonar”, que não desistam de buscar esta “chama”, para que juntos possamos utilizar o turismo como fator transformador de dias melhores, pessoas melhores, em um mundo melhor!

Dicas para futuros turismólogos

"Gostar de viajar é importante, mas gostar de trabalhar é mais importante ainda." É assim que Fernanda Silva, diretora da Associação Brasileira de Profissionais em Turismo (ABPTUR), define as prioridades para quem pensa nessa profissão sonhando apenas em conhecer muitos países e, ainda por cima, ganhar dinheiro com isso.
Para fazer parte desta indústria, não é preciso se restringir às agências de viagens. Hotéis, restaurantes, eventos, consultorias e desenvolvimento de novas rotas são algumas das possibilidades para o bacharel (também conhecido como turismólogo).
Com duração média de três anos, os cursos de bacharelado em Turismo equilibram aulas práticas e teóricas. Além das disciplinas específicas da área, há aulas como administração e gestão de pessoas. Antes de escolher a faculdade, verifique se ela tem recursos que possibilitem vivenciar a profissão.
Mercado - A atuação do turismólogo se divide em três áreas principais:
- Planejamento turístico: desenvolver e organizar roteiros e atividades em municípios que querem explorar seu potencial turístico. O profissional pode trabalhar em secretarias municipais, estaduais e federais. Pode também prestar consultorias independentes em turismo cultural, turismo rural, ecoturismo, turismo de negócios, turismo de eventos, entre outros.
- Empresas do segmento: hotéis, agências de turismo, operadoras, transportes, eventos, companhias aéreas, parques temáticos e fazendas que recebem turistas.
- Rede de ensino: o turismólogo pode dar aulas em cursos técnicos e superiores de turismo, em treinamentos profissionalizantes e especializações. Para se destacar na área, a continuidade nos estudos é essencial. Ou seja: depois da faculdade tem a pós-graduação, o mestrado e até mesmo doutorado.
Como a profissão não é regulamentada, não há um piso salarial definido. O profissional iniciante pode ganhar de salário mínimo a R$ 2.000, em média, segundo a ABPTUR.
É pra você?- O Turismo pode ser uma boa opção para quem é dinâmico, criativo, comunicativo e gosta de se relacionar. Além disso, ter jogo de cintura e fluência em línguas estrangeiras é fundamental. Pense bem antes de decidir: muitas vezes, o profissional tem que abrir mão do lazer para atender os desejos e expectativas do cliente.
O que vem por aí - O ecoturismo tem se destacado devido às ofertas de destinos no Brasil e no mundo. Para quem optar em ficar nos grandes centros urbanos, a tendência é o turismo de eventos. Muitos estrangeiros desembarcam no País a trabalho. "Esse público gasta muito, movimenta toda a cadeia e exige uma melhoria na infra-estrutura", diz Fernanda Silva, diretora da ABPTUR.
Diferencial - Dá para aproveitar o período da faculdade para começar uma boa rede de relacionamentos: o segredo é participar de seminários, congressos e eventos. Passe um bom tempo na biblioteca, converse com professores, exija aulas práticas. Prepare-se para encarar outros cursos para complementar a formação. Se possível, procure estagiar em áreas diferentes.

TURISMÓLOGO

A carreira

Nenhuma carreira merece tanto a designação de profissão do futuro como a do turismo. Em expansão desde os anos 80, ela compreende hoje 52 setores econômicos, movimenta 45 bilhões de dólares por ano no Brasil e emprega 6 milhões de pessoas, direta e indiretamente. É uma espécie de símbolo do setor de serviços, cuja importância cresce no ritmo em que a tecnologia avança e elimina empregos na indústria. Se você acha que trabalhar na área lhe proporcionará uma vida de turista, é melhor não embarcar nessa. "Muita gente pensa que vai passar o tempo todo viajando pelo mundo. Não é bem assim", diz o consultor gaúcho Carlos Augusto Alves. Seu trabalho será tornar as viagens dos clientes as melhores possíveis. Você cuidará de todas as etapas de uma viagem de negócios ou lazer, desde a emissão de passagens até a reserva de hotéis e o planejamento de roteiros. Quando for guia de uma excursão, ainda será o responsável pelo bem-estar dos participantes. Ou seja, terá de providenciar alimentação, hospedagem, transporte, lazer e até administrar problemas pessoais que comprometam o programa do grupo. O bacharel em turismo atua em agências de viagem, hotéis, parques temáticos, shopping centers e em órgãos como o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). Suas atividades vão desde a elaboração de um pacote para Miami até o planejamento da exploração turística sustentável de uma reserva ambiental na Amazônia. "É preciso estar preparando para tudo", avisa o professor Mario Beni, da USP, em São Paulo.