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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Resumo do livro "O que é a comunicação" de Juan E. Diaz Bordenave

“O conhecimento da verdade leva à virtude. Basta que uma pessoa conheça o que é verdadeiro, para que ela procure viver de acordo com a verdade” (Sócrates)
Um melhor conhecimento da comunicação pode contribuir para que muitas pessoas adotem uma posição mais crítica e exigente em relação ao que deveria ser a comunicação na sua sociedade.
O meio ambiente social da comunicação
A comunicação está presente em todos os lugares, por exemplo, em um estádio de futebol (nos gritos da torcida, nas cores das bandeirinhas, nos números das camisetas dos jogadores, nos gestos, apitos e cartões do juiz e dos bandeirinhas, no placar eletrônico, nos alto falantes e radinhos de pilha, nas conversas e insultos dos torcedores, em seus gritos de estímulo, no trabalho dos reportes, radialistas, fotógrafos e operadores de TV. O próprio jogo é um ato de comunicação.
A comunicação não existe por si mesma, como algo separado da vida da sociedade. Sociedade e comunicação são uma só. Não poderia existir comunicação sem sociedade, nem sociedade sem comunicação.
Comunicação e socialização
A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida da sua cultural foram-lhe transmitidos, pelo qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade. Foi assim que adotou a sua “cultura” (os modos de pensamento e de ação, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus)
A comunicação confunde-se com a própria vida. Pessoas que foram impedidas de se comunicarem durante longos períodos, enlouqueceram ou ficaram perto da loucura. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social.
Os meios em nossa vida
É um erro considerar os meios de comunicação social (TV, jornais, novelas, rádios) como representando o maior vulto na comunicação global da sociedade.
No seio do associativismo em ascensão e da luta pelo fortalecimento da “sociedade civil” o homem está reaprendendo a comunicação pessoa a pessoa.
Do grunhido ao satélite
A comunicação evoluiu de uma pequena semente – associação inicial entre o signo e um objeto – para formar linguagens e inventar meios que vencessem o tempo e a distância, ramificando-se em sistemas e instituições até descobrir o mundo com seus ramos.
A comunicação humana tem um início nebuloso. Não se sabe como os homens primitivos começaram a se comunicar. Alguns afirmam que os primeiros sons usados para criar uma linguagem eram imitações dos sons da natureza. Outros afirmam que os sons humanos vinham das exclamações espontâneas.
A história mostra que os homens encontraram a forma de associar um determinado som ou gesto a um certo objeto ou ação.
O signo é qualquer coisa que faz referência a outra coisa ou idéia, e a significação consiste no uso social dos signos.
Na linguagem, algumas palavras tem a função de indicar ação, outras de nomear coisas, outras de descrever qualidades ou estados das coisas, etc, isso tem os nomes de verbo, substantivo, adjetivo, advérbio, etc.
Vencer o tempo e a distância
Para fixar seus signos o homem utilizou primeiro o desenho e mais tarde a linguagem escrita. Para resolver o problema do alcance, o homem inicialmente apelou a signos sonoros e visuais. As mensagens escritas, com efeito, podem ser transportadas a qualquer distância.
A linguagem escrita evoluiu a partir dos pictogramas, signos que guardam correspondência direta entre a imagem gráfica (desenho) e o objeto representado (ex.: desenho do sol significa sol)
Chegou um momento e que o homem sentiu-se demasiadamente limitado pela necessidade de que a cada signo correspondesse um objeto, mas para representar idéias (ex.: a figura de um pássaro voando significaria “pressa”), este tipo de escrita recebeu o nome de ideográfica.
Um grau ainda maior de liberdade foi alcançado quando os homens perceberam que as palavras ou os nomes de objetos compunha-se por unidades menores de som (fonemas), e que, por conseguinte, os signos podiam representar estas unidades de som e não mais objetos ou idéias. Esta descoberta serviu de base para a escrita chamada fonográfica, onde os signos representam sons. Este fato deu nascimento ao conceito de letras. Assim constituiu-se o alfabeto.
Os meios de comunicação
Paralelamente à evolução da linguagem, desenvolveram-se também os meios de comunicação.
Gutemberg inventou a tipografia, o papel foi aperfeiçoado, a indústria gráfica evolui, e a invenção da fotografia teve um impacto muito mais forte sobre o desenvolvimento da comunicação visual do que normalmente se pensa.
O alcance da comunicação foi assegurado de maneira definitiva pela invenção dos meios eletrônicos que aproveitam diversos tipos de ondas para transmitir signos.
O domínio das ondas eletromagnéticas pelo homem reduziu o tamanho do mundo e transformou numa “aldeia global”.
A influência social dos meios aumentou na medida de sua penetração e difusão. A ciência e a tecnologia da comunicação com os de processamento de dados gerou uma nova ciência: a informática.
A indústria da comunicação
Para explorar comercialmente as capacidades tecnologias dos meios de comunicação, organizaram-se empresas jornalísticas, editoriais e teledifusoras.
Para colher o matéria gerado por elas surgem-se as agências. Para construir a infra-estrutura que essas necessitavam surgiram-se as empresas fabricantes de aparelhos emissores, transmissores e receptores.
Paralelamente, deu-se um fenômeno interessante: a utilização dos meios de comunicação como parte do processo educativo formal e não-formal.
O impacto dos meios sobre as idéias, as emoções, o comportamento econômico e político das pessoas, cresceu tanto que seu converteu em fator fundamental de poder e de domínio em todos os campos da atividade humana.
A chamada “indústria cultural” – a exploração comercial dos recursos da comunicação, tornou-se uma das mais atraentes inversões de capital.
Dentro de cada nação, o controle da comunicação adquiriu suma importância, visto que ela pode estabilizar os desestabilizar governos.
Assim se desenvolveram a grande árvore da comunicação. Começou com os guinchos da animalidade original, evoluiu e se enriqueceu com seu conteúdo e em seus meios, ganhando cada vez maior permanência e alcance, aumentando sua influência nas pessoas e, através delas, incidindo na cultura, na economia e na política das nações;
O ato de comunicar
A comunicação serve para que as pessoas se relacionem entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeiam, sem a comunicação cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo. Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, idéias e sentimentos.
A comunicação consta de elementos como:
- realidade ou situação onde ela se realiza e sobre a qual tem um efeito transformador;
- os interlocutores que dela participam;
- os conteúdos ou mensagens que elas compartilham;
- os signos que elas utilizam para representa-los;
E atrás de tudo isso tem o celebro humano, computador de infinita sutileza, que recebe os sons, os movimentos e as luzes, combinado e, apelando à memória de milhões de experiências prévias, interpreta o que estes estímulos representam para a pessoa.
As fases do processo
É praticamente impossível dizer onde começa e onde termina o processo de comunicação. Ele é de fato um processo multifacítico que ocorreu ao mesmo tempo em vários níveis – consciente, subconsciente, inconsciente -, como parte orgânica da dinâmica processo da própria vida.
Pode se mencionar algumas fases que costumam participar do processo da comunicação. Estas podem se dar em qualquer ordem, simultaneamente ou até entrar em conflito:
- Pulsão vital: a pulsão vital ocorre em todo corpo, mas seu centro é o celebro. O organismo humano comporta-se como um sistema aberto em constante interação consigo mesmo e com o meio ambiente;
- Interação: uma das maneiras de interagir com o meio ambiente é a comunicação, a pessoa emite e recebe mensagens por todos os canais disponíveis (olho, pele, mão, etc.);
- Seleção: a pessoa seleciona alguns elementos que deseja compartilhar com outras pessoas, as vezes esta seleção é provocada por estímulos que vêm de fora, outras vezes pela decisão da próprio pessoa de tornar consciente alguns elementos de seu repertório;
- Percepção: o homem “sente” a realidade que o rodeia por meio de seus sentidos e percebe as palavras, gestos e outros signos que lhe são apresentados;
- Decodificação: percebidos os signos, a pessoa tem que determinar o que eles representam, a que código pertencem para cada signo, encontrar na sua memória um objeto ou idéia correspondente;
- Interpretação: consiste em compreender não apenas o que cada palavra significa, mas o que a mensagem inteira pretende dizer, ela exige que se coloque a mensagem em um contexto, que se compare com outros elementos do repertório e com o conhecimento que se tem das intenções do interlocutor;
- Incorporação: a flexibilidade mental do receptor, sua mente aberta ou fechada, seu nível de tensão ou ansiedade, sua segurança ou autoconfiança, etc., intervêm na aceitação ou rejeição da mensagem, as vezes a incorporação é só parcial e uma parte da mensagem é rejeitada;
- Reação: os resultados da incorporação da mensagem na dinâmica mental própria do receptor podem ser claramente visíveis, como quando a pessoa, considerando-se insultado pela mensagem, agride seu interlocutor.
As funções da comunicação
A comunicação é um produto funcional da necessidade humana de expressão e relacionamento. Ela satisfaz uma série de funções:
- Função instrumental: satisfazer necessidades materiais ou espirituais da pessoa (ex.:eu quero isto);
- Função informativa: apresentar nova informação (ex.: tenho algo para dizer);
- Função regulatória: controlar o comportamento de outros (ex.: faça como eu lhe digo);
- Função interacional: relacionar-se com outras pessoas (ex.: eu amo você);
- Função de expressão pessoal: identificar a expressão do “eu” (ex.: eu amo a liberdade mas também defendo a justiça social);
- Função herusística ou explicativa: explorar o mundo dentro e fora da pessoa (ex.: pai, porque a lua muda de tamanho?);
- Função imaginativa: criar um mundo próprio de fantasia e beleza (ex.: vamos fazer de conta que ...).
Outra função da comunicação é indicar a quantidade de nossa participação no ato de comunicação.
É impossível não comunicar
É necessário não compreender que a comunicação não inclui apenas as mensagens conscientemente, com efeito, muitas outras são trocadas sem querer, numa espécie de paracomunicação ou paralinguagem.
Até mesmo o silêncio comunica. Quando uma pessoa deixa de responder às perguntas ou incitações de outro, ou quando trata de ignorar a sua presença, seu silêncio é mais eloqüente que qualquer conjunto de palavras. As vezes, o que as palavras não comunica é transmitido pelos olhos ou pelas mãos.
A cultura como comunicação
Se tudo na vida pode ser decodificada como signo, então a própria cultura de uma sociedade pode ser considerada como um vasto sistema de códigos e comunicação. Estes códigos indicam os papéis apropriados e oportunos, o que é tabu e o que é sagrado.
A cultura funciona pela comunicação. Seria impossível para uma pessoa viver no seio de uma cultura sem aprender a usar seus códigos de comunicação.
A comunicação transcultural
O fato de cada cultura ter seus próprios códigos de comunicação torna bastante difícil a comunicação entre culturas diferentes.
As diferenças transculturais na decodificação dos signos ilustram claramente o caráter arbitrário dos signos criados pelo homem. Cada cultura cria seus próprios signos a lhes atribuir seus próprios significados.
A metacomunicação
A pessoa que comunica em geral necessita dar a seus interlocutores uma idéia sobre como ela deseja que sua mensagem seja decodificada e interpretada. A comunicação sobre a comunicação é chamada metacomunicação.
Que “significa” isto?
A significação é a produção social de sentido. Os chamados símbolos são um tipo especial de signos (objetos a que se dá significação moral fundado em relação natural), embora às vezes os símbolos são empregados como sinônimo de signo.
Outro subgrupo dos signos são os sinais (indícios que possibilitam conhecer, reconhecer, adivinhar ou prever alguma coisa).
Como um signo “significa”?
É possível que os primeiros signos criados pelo homem estivesse cada um associado a um determinado objeto. É próprio da mente humana a capacidade de abstração (identificar o que há de comum em muitos objetos semelhantes). Esta capacidade de abstração de qualidades comuns e de colocar um nome à qualidade geral deu origem ao conceito.
O conceito viria então a ser a imagem formada na mente do homem após perceber muitas coisas semelhantes entre si. A palavra veio a representar conceitos, não apenas objetos.
Os elementos do signo são:
- Objeto: chamado objeto referente ou simplesmente o referente, visto que o signo faz referência a ele;
- Significado: é um conjunto de relações das quais o signo é a tradução externa, viria a ser o conceito ou imagem formada na mente acerca do referente;
- Significante: viria a ser a apresentação física do signo; os sons, as palavras escrita, o desenho.
Códigos analíticos e códigos digitais
Analógicos: aqueles signos cujos significantes se parecem com os objetos referentes, comunicam de maneira vivida e natural e as emoções (gestos, silêncio, etc.).
Digitais: os signos que não guardam semelhança alguma com seus referentes, fornecem informações precisas e detalhadas (oral ou escritas).
Os tipos de significado
Os signos tem significados diferentes: - uma mesma palavra pode variar seu significado segundo sua posição na frase (significado gramatical); - parte de uma figura ou fotografia não independe do contexto que a rodeia (significado contextual); - quando o significado depende somente da relação entre o signo e seu conceito referente (significado contextual).
Os signos se dividem em:
- Significado cognitivo: refere somente aos aspectos intelectuais da razão humana e abrange também os sentimentos;
- Significado emotivo: refere-se aos tipos e graus de reação emocional às expressões da linguagem ou outros códigos;
- Significado denotativo: aparece quando um signo indica diretamente um objeto referente ou suas qualidades;
- Significado conotativo: inclui as interpretações subjetivas ou pessoais que podem derivar-se do signo.
O poder da conotação
A capacidade de imaginação da para a conotação uma liberdade de quase tudo.
Partindo de denotações bastante objetivas e concretas, a imaginação constrói novas realidades.
O significado conotativo introduz a liberdade na comunicação humana. Enquanto o significado denotativo orienta o homem na realidade.
Os dois gumes da linguagem
A linguagem é uma faca de dois gumes. A mais humana das características, exprimindo a superioridade funcional do celebro do homem sobre os animais, capaz de expressar seus sentimentos mais profundos e seus pensamentos mais complexos, a linguagem pode levar aos homens a comunhão no amor e na amizade, mas também pode ser utilizada para ocultar, enganar, separar, dominar e destruir.
A natureza da linguagem
Em lingüística, a ciência que estuda a linguagem, é tradicional defini-la como um sistema de signos vocais arbitrários usados para a comunicação humana.
A total liberdade dos homens para escolher os signos e a gramática de suas línguas teve como natural conseqüência a existência de milhares de idiomas e dialetos ao longo da história.
As línguas não são estáticas e se modificam com o tempo.
Linguagem e classe social
Embora não tenha sido ainda bem estudado a barreira que a linguagem representa para a mobilidade social numa estrutura marcada pela estratificação das classes, diversos estudos têm mostrado que existem diferenças importantes entre a linguagem empregada pelas classes sociais mais elevadas e a utilizada pelas classes subalternas.
O universo cultural mais restrito das classes subalternas limita a sua capacidade de expressar noções analíticas e abstrações que transcendem o particular e o específico.
A manipulação da linguagem
Ao servir como auxiliar do pensamento e da consciência, a linguagem pode ser ainda instrumento da manipulação das pessoas.
Historicamente, a manipulação da linguagem tem sido realizada de muitas maneiras: - imposição de uma nova linguagem em uma cultura que possui sua própria linguagem; - a censura quer oficial e explicita, quer espontânea ou implícita; - a imposição de novos significados para as palavras (recursos utilizados nos regimes totalitários); - a publicidade comercial tem explorado engenhosamente a capacidade de as palavras conotarem significados gratificantes, na manipulação de mensagens persuasivas; - emprego de eufemismo (expressões que, sem alterar o significado, dissimulam melhor realidades desagradáveis ou desconfortáveis, que poderiam ser conotados); - a lavagem celebral viria a ser a maneira mais extremada de manipulação da linguagem (através de ameaças, oferecimentos de recompensa, etc.).
A reconstrução da realidade
A comunicação supostamente mais objetiva, como a notícia jornalística, não é mais que a “reconstrução” da realidade pelo repórter.
Os meios que manejam signos visuais e auditivos, tais como cinema e a televisão, possuem ainda maior margem de reconstrução da realidade do que os meios escritos.
A leitura crítica
Esta habilidade consiste em identificar o grau de denotação – conotação nas mensagens, unida ao desenvolvimento de uma atitude de desconfiança sobre as intenções e os conteúdos ideológicos inseridos nos textos.
O poder da comunicação e a comunicação do poder
Através da modificação de significados, a comunicação colabora na transformação das crenças, dos valores e dos comportamentos, do imenso poder de comunicação.